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Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy
Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

Você está lendo um texto preparado durante o desenvolvimento do jogo de simulação da vida de pirata Corsairs Legacy pelo estúdio Mauris com o objetivo de popularizar a temática marítima em geral e os jogos sobre piratas em particular. Você pode acompanhar as novidades do projeto em nosso site, canal no YouTube e no Telegram.

Neste artigo, Kirill Nazarenko analisa as armas do jogo Corsairs Legacy.

Olá! Hoje vamos falar sobre armas brancas e pistolas em Corsairs Legacy. Antes de tudo, preciso dizer que fiquei agradavelmente surpreso com a qualidade do trabalho da equipe de Corsairs Legacy na criação dessas armas. Tudo está representado de forma muito competente. Dá para ver que exemplares reais de armas históricas foram usados como base, e os modelos em si são bastante complexos e interessantes. É fácil imaginar que você está pegando essa arma nas mãos.

O principal problema que vejo aqui é a incompatibilidade fundamental entre o mundo real e o mundo do jogo. E, sinceramente, não sei muito bem o que fazer com isso. No mundo do jogo, o jogador precisa evoluir suas habilidades, comprar ou capturar armas cada vez mais novas, poderosas e eficientes. Além disso, é claro que essas armas precisam ter nomes – não dá para chamá-las de “espada nº 1”, “espada nº 2” ou “espada nível 20”, porque isso parece chato e infantil. Por isso, é preciso usar nomes reais de armas históricas. E é justamente aí que começam as contradições.

Armas brancas

As armas brancas foram criadas para tarefas muito específicas. Em certa época, na Alta Idade Média, a principal arma branca na Europa era a espada de dois gumes com ponta relativamente romba, a chamada espada românica, destinada sobretudo a golpear de corte. Essa espada era usada contra guerreiros vestidos com cota de malha, sob a qual usavam uma jaqueta acolchoada que amortecia o impacto.

Depois, no século XIV, surgiram as armaduras feitas de grandes placas metálicas. Com o tempo, aparece a chamada armadura gótica, composta inteiramente por placas de formato complexo, e apenas algumas partes do corpo permaneciam cobertas por cota de malha. Uma armadura dessas era praticamente impossível de cortar e até mesmo perfurá-la era tarefa muito difícil.

Num estágio anterior, quando a cota de malha ainda era muito comum, usavam-se espadas para perfurar a malha. Eram as espadas góticas com ponta afilada, mas, mesmo assim, isso foi ficando cada vez mais complicado.

No século XV surge o florete/rapieira com lâmina muito rígida e facetada, que não é destinada a cortar, e sim a estocar com precisão nas juntas da armadura.

Mais tarde, as armaduras pesadas vão desaparecendo e as armas mudam novamente. No século XVII, no campo de batalha, a proteção do corpo se reduz basicamente ao couraça (peitoral) e, às vezes, a pequenas peças de proteção para braços e coxas, além de um capacete. Os couraçeiros, um tipo de cavalaria pesada, usavam couraça e capacete; na infantaria havia os piques, soldados armados com longas lanças de cerca de 5 metros. Eles ficavam na primeira linha e sua função principal era conter a carga da cavalaria. É claro que os oficiais também podiam usar couraça, geralmente uma peça única que protegia apenas o peito.

Se observarmos os retratos de comandantes militares do século XVII, veremos que eles são retratados ou em armadura completa de cavaleiro – embora, na prática, ninguém usasse mais esse tipo de armadura nessa época – ou em trajes contemporâneos com uma couraça por cima. Assim o artista indicava a especialização da pessoa, mostrando que se tratava de um líder militar. Os peitorais (couraças) também eram populares no século XVIII, e os militares eram frequentemente representados usando-os como um símbolo da profissão. Porém, quase não era possível atravessar uma couraça com arma branca.

Por outro lado, na realidade, poucos soldados usavam couraça no campo de batalha, e no convés dos navios havia ainda menos. Também não podemos esquecer que todo nobre usava uma espada como principal símbolo da sua condição social. Usar uma espada era muito importante em termos de status. E, claro, essa espada também podia ser usada para defender a honra e a dignidade pessoal.

Como resultado, no século XVII começa um processo gradual de divisão das armas brancas em dois grandes ramos:

  • o primeiro ramo – arma militar para o campo de batalha;
  • o segundo ramo – arma para ser usada na vida civil, no dia a dia.

É claro que, nesse segundo caso, a arma precisava ser relativamente confortável, pois seria muito cansativo carregar uma espada pesada em um baile ou durante um passeio.

Assim vai se desenvolvendo, gradualmente, o tipo de espada usada na vida civil – uma arma leve. É isso que podemos ver no jogo Corsairs Legacy.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

No entanto, há aqui um pequeno erro. É evidente que os autores de Corsairs Legacy usaram como base o peso da libra inglesa – 454 g. Em um dos quadros vemos o texto “light weapons no more than 2.4 pounds (1.9 kg)”, mas há um erro matemático aí, pois 2,4 libras equivalem a aproximadamente 1,09 kg. Já as polegadas inglesas são usadas no jogo de forma bem correta.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

A linha de armas leves em Corsairs Legacy começa com uma rapieira de estilo antigo, mas, para ser sincero, foi a arma de que menos gostei entre os modelos desenhados. Ela se parece mais com uma espada gótica com guarda (cruzeta) caída, bastante característica, e, francamente, não se parece com uma rapieira. Espadas desse tipo, no século XVII, ao que tudo indica, eram extremamente raras ou simplesmente não existiam. E, certamente, não seriam classificadas como armas leves.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

Em seguida temos a rapieira alemã. Eu a chamaria mais de espada, embora seja uma questão discutível.

O fato é que, nas línguas eslavas, existe uma terminologia excepcionalmente rica relacionada a armas brancas – mais rica do que em qualquer outra língua europeia. Isso se deve ao contato desses povos tanto com armas orientais quanto com armas ocidentais, o que fez entrar um grande número de termos que denominaram inúmeras variações de armas. Há tantos termos que os historiadores especializados em armas ainda não chegaram a um consenso sobre as definições exatas. Não faz sentido cair num fanatismo e “se atacar” por causa de nomes, mas podemos destacar alguns grandes grupos que ajudam a organizar o assunto.

Antes de tudo, temos o que, em sentido amplo, podemos chamar de espada reta (epee) – uma arma com lâmina reta, herdeira direta da espada de cavaleiro, mas mais fina. Tanto as rapiers quanto os sabres de lâmina reta podem ser incluídos nessa categoria, embora muitos não concordem. Ainda assim, eu diria que, em geral, armas com lâmina reta podem ser classificadas como um grande grupo. E, de fato, no século XVIII, na linguagem cotidiana e nos documentos oficiais, muitas vezes não se fazia uma distinção fundamental entre diferentes tipos de espadas retas.

O segundo grande grupo é o sabre, uma arma com lâmina curva em diferentes graus de curvatura. Se analisarmos os termos em inglês ou francês, acabamos em um beco sem saída, porque certos tipos de armas efetivamente usadas nas tropas ou guardadas em coleções podem ter os nomes mais estranhos. Às vezes, a lâmina era de espada e o cabo de sabre, e ainda assim a peça era chamada de sabre. Na prática, podia ser chamado de qualquer coisa, e isso cria um grande problema – seria necessária uma classificação científica específica de armas brancas, que ainda não existe em forma totalmente consolidada.

Portanto, podemos adotar uma convenção: armas com lâmina reta chamaremos de “espadas retas” (ou epees), e armas com lâmina curva chamaremos de “sabres”. E, dentro das espadas retas, podemos distinguir três subtipos:

  • rapieira – arma com lâmina muito fina, praticamente incapaz de cortar, usada quase exclusivamente para estocar;
  • espada/espada de duelo (epee) – arma com lâmina um pouco mais larga, capaz de cortar, embora de forma pouco cômoda, mas, sobretudo, usada para estocadas;
  • espada larga / espada pesada (broadsword) – arma com lâmina larga, que corta muito bem.

Dentro dessa lógica, as imagens chamadas no jogo de rapieira alemã e rapieira espanhola são, na minha opinião, bonitas e bastante adequadas.

A rapieira alemã apresenta um sistema complexo de guarda para a mão, adaptado para segurar a arma com um empunhadura especial, em que o polegar, o anelar e o mindinho envolvem o punho, enquanto o indicador e o médio abraçam a cruzeta, deixando a lâmina passar entre eles. Esse tipo de pegada permitia estocar com bastante conforto e era característico desse tipo de arma. Em geral, esse tipo de rapieira era uma arma de tempo de paz, usada por nobres no dia a dia para resolver seus conflitos em duelos.

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A rapieira espanhola também é desenhada com muita elegância e é bastante refinada no jogo Corsairs Legacy. Mas há um detalhe interessante: um espaço entre o arco da guarda e o pomo, pois o arco não está ligado diretamente ao punho. Esse recurso existiu em algumas armas reais, embora haja discussão sobre o motivo de ter sido usado. Em bagnets (antepassados dos baionetas), isso fazia sentido: o cabo era enfiado no cano do mosquete e esse espaço facilitava a fixação. Para uma rapieira, no entanto, não está muito claro por que isso seria necessário – talvez apenas por uma questão estética.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

A rapieira italiana também é muito bonita e bem representada.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

Depois, vemos a smallsword. Esse exemplo ilustra bem a pobreza da terminologia inglesa sobre armas: a palavra “sword” se aplica quase a qualquer coisa, desde espadas romanas até espadas de duelo dos séculos XVII–XVIII.

Esse smallsword é, na verdade, muito semelhante a uma espada leve com proteção pouco desenvolvida para a mão, que os nobres do fim do século XVII usavam no dia a dia. Era confortável porque guardas muito grandes tendiam a enroscar na roupa e descer quase até a coxa, ao passo que uma guarda pequena e um arco discreto não atrapalhavam tanto. Aliás, já no século XVIII, passaram a ser feitas espadas com guardas dobráveis, de modo que, quando dobradas, pendiam ao longo do corpo de maneira bem alinhada.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

Em seguida temos o Pappenheimer. Agradeço aos autores de Corsairs Legacy por usarem esse termo, que vem do nome de um famoso general alemão da Guerra dos Trinta Anos. Também é uma rapieira muito bonita.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

Depois aparece a cazoleta espanhola (do espanhol “cazoleta”, “tigela”), com mais um tipo de guarda de mão. Há quem defenda a ideia de que a cruz longa e reta da guarda podia servir como uma espécie de punhal – permitindo, em combate muito próximo, não apenas golpear com a ponta da lâmina, mas também enfiar a cruz no olho do inimigo. Devemos lembrar que isso são apenas suposições – tais técnicas não aparecem nos manuais de esgrima do século XVIII.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

A próxima categoria é a arma de peso médio – na prática, sabres.

Os sabres são, em geral, muito mais diversos do que as espadas retas. No caso dos sabres, pode variar o grau de curvatura da lâmina, o formato da ponta, o desenho do cabo, o número e a forma dos canais (cheios) na lâmina. Existe a crença infantil de que esses canais serviriam para “escoar o sangue do inimigo”, por isso seriam chamados de “canais de sangue”. Tudo isso é mito. Na verdade, os cheios são feitos para tornar a lâmina mais leve e aumentar sua rigidez, pois as bordas desses canais funcionam como rebitadores estruturais.

Quanto ao comprimento, os sabres se dividem em dois grupos: sabres com lâmina de comprimento normal (cerca de 80–90 cm) e sabres encurtados, como o malchus que os desenvolvedores de Corsairs Legacy nos apresentam. Uma lâmina de 63 cm já é curta, embora seja a mais longa entre as lâminas curtas. No século XVIII, essa categoria de sabres era chamada de hangers.

Se observarmos os retratos de almirantes dos séculos XVII e XVIII, veremos que eles são retratados com dois atributos principais: uma luneta ou um hanger. Este último era considerado uma arma típica de abordagem naval, aparentemente porque era conveniente golpear com esse sabre encurtado, e, ao mesmo tempo, em condições apertadas no convés superior, cheio de mastros e cabos, uma lâmina mais curta era muito prática. Para que uma arma de corte seja realmente eficaz, o peso precisa estar concentrado na extremidade da lâmina.

No caso de uma arma de estocada, não é necessário que a ponta seja pesada – ao contrário, é melhor que seja relativamente leve, para permitir movimentos rápidos e precisos. Contudo, se a lâmina do sabre for muito leve, especialmente na ponta, o golpe de corte perde eficácia. Quanto mais pesado o final da lâmina, mais devastador o golpe. A desvantagem é que é difícil mudar a trajetória de um golpe com uma arma pesada e, naturalmente, é preciso mais força para manejá-la do que uma espada leve.

No geral, golpear de corte é muito mais difícil do que golpear de estocada. É extremamente importante segurar a lâmina de forma que ela esteja estritamente no plano do golpe durante o impacto. E o golpe mais eficaz não é simplesmente cortar de cima para baixo, mas sim aplicar um golpe cortante com puxão, arrastando a lâmina durante o impacto. Nesse caso, a curvatura da lâmina passa a atuar como uma faca: não apenas acerta com força de cima, mas também corta o alvo ao longo do movimento. Há relatos de que guerreiros extremamente habilidosos eram capazes de “fatiar” o inimigo do ombro até a sela com um único golpe desses.

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O malchus é um excelente exemplo desse tipo de arma curta e cortante, e está desenhado de forma muito competente. A forma do cabo e a curvatura da guarda podiam variar bastante na prática.

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Depois vem uma arma chamada grosses Messer (do alemão “faca grande”). É uma arma com lâmina reta e uma guarda expressiva. É possível que uma arma assim tenha sido realmente usada, mas, francamente, eu preferiria ver a lâmina um pouco mais curva nesse caso.

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Se olharmos para o cutlass (cortela, sabre de corte curto), não há nada a criticar. Vemos uma cruzeta larga que se transforma em arco de guarda, uma lâmina de forma característica, lembrando ligeiramente alguns sabres japoneses. Todas essas armas de lâmina relativamente curta são muito adequadas para o combate no convés de um navio. 

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Depois aparece o yatagan, mas aqui a questão é bem mais complicada. Armas com lâmina curvada na direção do fio de corte, ou, por exemplo, afiadas na parte côncava da curva, são extremamente raras. Em essência, é uma terceira categoria, ao lado de espadas retas e sabres.

Recentemente, surgiu a opinião de que o yatagan não era uma arma militar propriamente dita. Gostaria de propor uma hipótese: os yatagans foram inventados pelos janízaros turcos, quando, no século XVI, os sultões otomanos proibiram os janízaros de andarem pelas ruas das cidades com sabres em tempos de paz. A razão era simples: assim que um janízaro surgia com um sabre, ele imediatamente sentia vontade de usá-lo. O sultão proibiu o porte de sabres, mas lhes deu o direito de carregar facas, pois, como guerreiros, seria vergonhoso aparecer completamente desarmados. Essas facas foram ficando cada vez maiores e, assim, surgiram os yatagans.

O ponto-chave dessa hipótese é que, em representações de guerreiros otomanos em campanha de guerra, praticamente não se vê soldados armados com yatagans. Eles aparecem sobretudo em representações de tempo de paz. Além disso, não há relatos confiáveis de testemunhas oculares afirmando que os turcos lutavam com yatagans como arma principal.

É verdade que, na Antiguidade, foram usadas lâminas desse tipo, mas também eram raras. Esse tipo de fio é bastante conveniente para cortar, especialmente em trabalhos manuais e domésticos. Há, por exemplo, uma ferramenta nacional da Carélia para cortar arbustos chamada Vesuri, muito parecida com um yatagan e extremamente prática para limpar mato. Ainda assim, tenho fortes dúvidas quanto ao valor combativo do yatagan.

No século XIX, sob a influência da moda pela exotismo oriental, algumas forças armadas europeias adotaram sabres com o formato de yatagan. Mas, repito, eu não consideraria o yatagan uma arma de guerra “principal”. Já como elemento exótico no jogo Corsairs Legacy, por que não?

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Depois vemos a karabela, um sabre clássico polonês de curvatura média, com guarda e cabo muito característicos. Era o sabre que os soldados da Comunidade Polaco-Lituana e da Hungria usavam nos séculos XVI, XVII e XVIII. É difícil imaginar algo mais clássico. Porém, devo dizer que se trata de uma arma não muito confortável para o manejo puramente esgrimístico: é pesada e pensada, sobretudo, para matar.

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A arma seguinte é um cutlass caro. Para ser honesto, eu o classificaria como arma branca de peso médio, especialmente porque seu cabo é um tanto “luxuoso” demais para um simples sabre de abordagem.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

Depois vem outro tipo de hanger – o Scallop (“Concha”). É um belo cutlass com proteção de mão ornamentada.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

Por fim, chegamos às armas com lâmina pesada.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

Essa linha começa com a bastard sword (espada bastarda, de mão e meia), mas, para o século XVII, essa arma já é bastante ultrapassada. A espada bastarda fazia sentido numa época em que o inimigo estava protegido por armadura completa e não podia ser facilmente atingido por armas mais leves.

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Também há o Katzbalger (do alemão “dilacerador de gatos”), que é uma variante de espada larga. É uma arma bastante apropriada e pode ocupar perfeitamente o seu lugar no jogo Corsairs Legacy.

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Quanto à espada dos Hospitalários (Hospitaller Sword), eu também diria que, para o século XVII, é uma arma já muito arcaica.

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Já o Reitschwert (do alemão “espada de cavaleiro” ou “espada de rajtar”) é uma espada pesada, um tipo clássico de espada larga usada pela cavalaria.

É significativo que a cavalaria fosse armada com armas mais longas e pesadas. O soldado de infantaria precisava carregar sua espada no corpo – se fosse pesada demais, o cansaria; se fosse longa demais, arrastaria no chão e se enroscaria nas pernas. Já para o cavaleiro, uma arma longa não era problema, e, ao contrário, permitia atingir tanto inimigos no solo quanto outros cavaleiros a uma boa distância.

Os lendários hussardos alados poloneses, por exemplo, tinham na prática duas armas brancas: um longo florete/rapieira, preso à sela, e um sabre para diferentes fases do combate. Assim, o Reitschwert parece perfeitamente adequado, embora uma arma tão longa provavelmente não fosse muito cômoda para o combate no convés de um navio.

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A espada valã (Walloon sword) é uma espada larga simples, de soldado. Visualmente, funciona muito bem como uma arma robusta de combate.

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O claymore escocês (“grande espada”) também é uma arma eficiente, mas, no século XVII, já passa a ser muito mais um instrumento de execução – usado para decapitar nobres (a morte pela espada era considerada mais honrosa do que pela machadinha) – ou um símbolo de poder, e não uma arma realmente usada no campo de batalha.

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Por fim, temos a flamberge (do alemão “flama”), com sua bela lâmina ondulada, que realmente fica muito impressionante no jogo Corsairs Legacy. Mas temo que ela seja mais uma espada ritual do que uma arma de combate real.

Pistolas

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No que diz respeito às pistolas, no jogo elas são divididas em diferentes tipos, como pistola espanhola e pistola holandesa. Mas aqui eu gostaria de fazer uma observação. No século XVII, a principal diferença entre vários tipos de armas de fogo ligeiras estava na construção do mecanismo de disparo (fecho/lock), em especial na posição e funcionamento das molas principais e auxiliares.

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Vejamos a pistola espanhola que os desenvolvedores de Corsairs Legacy desenharam. A mola de ação, que faz o cão se mover para frente, não é visível – o que significa que está oculta sob a placa do fecho, dentro da coronha. Já a mola que impede a cuba (pan) de se abrir está visível por baixo, próxima à cuba. Esse sistema é conhecido como fecho francês ou fecho de bateria e foi o mais comum no século XVIII, tornando-se um padrão clássico.

Por isso, para diversificar as pistolas no jogo, seria interessante introduzir diferentes tipos de fechos, e não apenas mudar a decoração externa. Por exemplo, nessa pistola, a cabeça do parafuso que aperta a pederneira nas garras do cão foi feita na forma de um anel grande. Isso pode até ser aceitável em um mosquete, mas, em uma pistola, parece pouco natural. Normalmente, a cabeça do parafuso tinha apenas um corte para chave de fenda, o que era mais simples e prático.

Também vemos aqui um vareta de madeira (pobojik/ramrod) sob o cano, usada para carregar a pistola, e um entalhe para o dedo médio no arco do gatilho. São detalhes perfeitamente plausíveis para uma pistola.

Surge então a pergunta: por que a extremidade do cabo da pistola é tão volumosa? Antes de tudo, isso serve para equilibrar o peso do cano. As pistolas tinham canos relativamente longos e, sem essa contrapeso, seria muito difícil levantar a arma e apontá-la corretamente para o alvo.

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Depois da pistola espanhola, temos a pistola naval holandesa. A construção do fecho é a mesma da pistola espanhola, mas seria possível, por exemplo, usar um sistema de mola única.

Havia o chamado fecho holandês, em que uma única mola tinha duas partes dobradas: uma segurava a bateria (a peça que cobre a cuba) e outra segurava o cão; essa mola ficava do lado de fora do mecanismo. Também existiam variações em que a mola única ficava totalmente escondida sob a placa, dentro da coronha.

Nessa pistola, o parafuso que prende a pederneira já não tem aquele anel exagerado, o que parece mais natural. Já o anel no fim do cabo servia para prender um cordão de couro, para que a pistola não fosse perdida durante o uso. A arma também tem um clipe metálico incomum em um dos lados. Podemos imaginar que servia para encaixar a pistola em um passador de couro no cinto. É um detalhe aceitável, embora não muito comum – era bem mais simples enfiar a arma inteira no cinto, sem peças adicionais.

Arma dos corsários: espada ou sabre? Kirill Nazarenko fala sobre armas em Corsairs Legacy

A pistola italiana de cano longo é ricamente ornamentada, mas funcionalmente não difere tanto das anteriores.

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Em seguida, temos a pistola de cavalaria. Eu diria que ela poderia ser desenhada com um cano ainda mais longo.

Há aqui um elemento interessante – um fecho com trava de segurança. Se observarmos o gatilho, veremos atrás dele uma pequena peça com um gancho que se encaixa em um ressalto no próprio gatilho. Essa é a trava: para disparar, é preciso primeiro liberar esse gancho e só então puxar o gatilho.

A única coisa que eu acrescentaria seria uma placa metálica do lado oposto ao fecho, sob as cabeças dos parafusos que o atravessam. Caso contrário, a madeira acaba esmagada com o tempo, os parafusos ficam frouxos e o conjunto perde firmeza.

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A pistola gravada não causa grandes emoções, mas é justamente nela que vemos a tal placa metálica do outro lado do cano, impedindo que os parafusos se enterrem na madeira.

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A pistola lombarda, eu chamaria de tambor, porque apresenta um alargamento no cano. Acreditava-se, historicamente, que esse alargamento ajudava a espalhar melhor a carga de chumbo, mas experimentos mostraram que isso não tem efeito significativo no padrão de dispersão – o que ele realmente fazia era facilitar o carregamento, porque, com as mãos trêmulas, era mais fácil acertar a boca larga de um “sino” do que o início estreito de um cano. O cabo que lembra uma culatra de rifle também parece um tanto artificial. No geral, devo dizer que a pistola lombarda foi a que menos gostei entre todas as apresentadas.

Falando das pistolas em Corsairs Legacy, posso sugerir algumas inovações. Em primeiro lugar, a implementação de um pobojik (ramrod) preso à arma, que não possa ser perdido. Em segundo, um sistema em que a pistola não possui pobojik acoplado e ele é carregado separadamente, não ocupando espaço no modelo da arma. Também é possível diversificar os tipos de fechos de pederneira.

Além disso, é importante lembrar que a precisão de tiro das pistolas daquela época era bastante baixa. Para aumentar a jogabilidade, seria possível permitir que o jogador carregasse a arma com bala única – caso em que ou acerta ou não – ou com chumbo miúdo (chumbinho), aumentando a área afetada, mas reduzindo o dano por acerto. Também se poderia introduzir no jogo pistolas com cano raiado. Elas deveriam ser significativamente mais caras e recarregar talvez quatro vezes mais devagar, mas, em compensação, teriam alcance e precisão muito superiores. Idealmente, onde quer que o jogador mire com uma pistola raiada, o disparo deveria atingir.

Ficarei feliz em comentar também mosquetes ou lanças de abordagem, quando forem introduzidos pelos desenvolvedores.

Esperamos que você tenha achado este artigo útil!

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